Fazer do protocolo uma carreira
Por Isabel Amaral
Quando deixei de trabalhar no primeiro-ministro de Portugal em 1997, as pessoas ficavam espantadas por eu ter criado uma empresa de formação: “Dá aulas de protocolo empresarial? E consegue viver disso?”.
É verdade que a palavra protocolo naquela altura era associada ao ordenamento e organização dos atos das entidades oficiais, ou seja, do cerimonial público. Esse protocolo tem normas, legislação e procedimentos que só existem no âmbito oficial. Mas existem outros protocolos que estabelecem relações de civilidade entre autoridades constituídas em todas as instâncias de poderes, quer político, quer diplomático, quer eclesiástico, quer militar, quer académico, quer empresarial, buscando uma harmonia que evite conflitos e barreiras. Todas as instituições públicas ou privadas têm rituais próprios que decorrem de legislação, de normas internas ou de costumes e tradições.
Quando passados uns anos passei a ser convidada para dar palestras e cursos sobre este tema em variados países e continentes, o espanto aumentou. O certo é que em todo o mundo existe quem tenha consciência de que o protocolo empresarial transmite os sinais e as mensagens que se pretende para quem assiste presencialmente ou virtualmente a um evento público. E por isso existem fóruns de especialistas nesta matéria de todas as nacionalidades.
Continuo a ter esperança de que um dia o protocolo empresarial seja parte integrante dos gabinetes de imagem institucional no nosso país. O protocolo empresarial sempre existiu, de forma incipiente desde que foi necessário ordenar documentos ou pessoas. E refinou-se com o andar dos tempos e a crescente complexificação da vida e da organização das sociedades. Baseando-se no protocolo oficial – com regras mais flexíveis e menos formais, visto que as empresas são organismos em constante mutação e em interação permanente com um universo de gente muito diversa -, o protocolo empresarial pode definir-se num primeiro nível como o conjunto de normas que regem a indumentária e o comportamento das pessoas em determinadas situações da vida profissional.
O protocolo empresarial é também um sistema de comunicação verbal e não-verbal, que aplica técnicas de ordenamento sistemático de pessoas e símbolos na organização de atos públicos ou privados O protocolo recorre à linguagem cénica para fazer com que todos assimilem, sem necessidade de palavras, aquilo que se pretende transmitir: a continuidade ou a renovação, o respeito pela tradição ou a modernidade de quem promove o evento.
O mesmo cenário pode ser transformado para transmitir alegria ou tristeza, poder ou humildade, luxo ou sobriedade. Para transmitir uma sensação de poder e autoridade tudo tem valor simbólico: a forma como os participantes se vestem, o comportamento gestual, a linguagem verbal e os rituais que aceitam cumprir.
Por isso há que cuidar daquilo que os rodeia: os cenários, os móveis, as bandeiras, tudo o queestá em segundo plano e que pode atrair ou distrair os espectadores daquilo que se quer transmitir. Encher um cenário de flores pode retirar protagonismo aos dirigentes da empresa e seus convidados. Colocar bandeiras por trás dos protagonistas, por outro lado, confere mais formalidade a um palco. Colocar o nome do anfitrião no topo do texto do convite e dar-lhe o lugar na presidência da mesa transmite poder e autoridade. Usar a fórmula correta de tratamento para autoridades que constam da lista de convidados confere credibilidade e prestígio a quem convida.
São tudo detalhes, é certo, e há quem diga que o protocolo é apenas um detalhe na organização de um evento, a cereja no topo do bolo, mas eu estou convencida de que o protocolo é o ingrediente invisível, o fermento, que transforma um evento num grande evento.
Sei que muitas pessoas nunca vão entender a razão de eu ter dedicado os últimos vinte cinco anos da minha vida a partilhar conhecimentos sobre esta matéria pelo mundo inteiro. Mas quem me conhece bem sabe que tenho uma paixão pelo protocolo e pelos benefícios que traz a quem o sabe aplicar com mestria.
Lisboa, 13 de novembro de 2022
(2) Isabel Amaral – Especialista em Imagem e Protocolo Empresarial | Lisbon | Facebook



Quando se vai à casa de banho, estando num jantar de etiqueta e protocolo, onde devo deixar o guardanapo?,
Em cima da mesa ou noutro sitio qualquer?
Gracias
Augusta Pereira